Na última quinta-feira (9), a Unoesc Joaçaba promoveu o 1º Fórum Internacional de Discussão em Saúde Bucal, no auditório Afonso Dresch, dentro da programação da Semana Acadêmica de Odontologia. Constituíram a mesa de debates a coordenadora deste curso, professora Andrea Gallon, o presidente do Conselho Regional de Odontologia, Élito Araújo, o coordenador da Saúde Bucal de Santa Catarina, Nestor Antônio Schmidt de Carvalho, a secretária municipal de Saúde de Joaçaba, Paula Kleber, a odontóloga da rede municipal de Joaçaba, Rita Weiss, a professora da Universidad Austral del Chile, Carolina Vergara Llanos, e os professores da Universidad San Francisco de Quito, no Equador, Fernando Ortega e Jenny Paulina Aliaga Sancho.
— Estou muito feliz em ver nossos ex-alunos se destacando em suas áreas e até mesmo superando seus mestres. E, para isso acontecer, é preciso primeiro passar pela graduação, caminho pelo qual nossos alunos aqui estão — observa Andrea, ao fazer os agradecimentos e abrir o evento.
Élito Araujo falou sobre a importância da Saúde Pública. Mesma linha de Nestor Carvalho, que perguntou à plateia quem usa o Sistema Único de Saúde (SUS), apresentando um vídeo sobre a saúde pública no Brasil.
— Quem trabalha na saúde pública tem que defender o SUS porque o Brasil é o único país no mundo que apresenta um sistema tão complexo. E neste contexto temos a saúde bucal — diz Carvalho.
Ele lembrou ainda que o nosso sistema trabalha com a premissa de beneficiar o menos favorecido com saúde integral – do básico ao complexo. O Ministério da Saúde recomenda uma equipe de saúde bucal para cada equipe de saúde da família.
Rita Weiss apresentou na oportunidade dados de Joaçaba, que conta com oito Estratégias de Saúde da Família (ESF) e oito dentistas trabalhando dentro da rede SUS, uma cobertura de 100% do município, com a possibilidade de atendimento de até 3,5 mil pessoas por unidade. O trabalho é desenvolvido também nas 15 escolas e creches da rede municipal de ensino, sendo atendidas cerca de 2,9 mil crianças.
Dentro destas unidades, são oferecidas avaliação, prevenção e pediatria, com serviços de periodontia, dentística, pequenas cirurgias e atendimento a pacientes com necessidades especiais. O paciente tem acesso também a radiologia, medicação, encaminhamentos, testes e exames laboratoriais. Com as crianças, trabalham-se atividades educativas coletivas, promovendo escovação supervisionada nas escolas e creches, com aplicação de flúor, avaliação bucal e atendimento a todas as crianças. O trabalho odontológico municipal ainda está presente em grupos de gestantes, antitabagismo e o Hiperdia, que comporta pacientes com hipertensão e diabetes.
Todo atendimento é registrado no SUS, que disponibiliza o prontuário eletrônico dentro de um banco de dados. Desta forma é possível se acompanhar a história de tratamento bucal do paciente. Dentro deste sistema não se oferece endodontia, prótese, ortodontia, disfunção mandibular e cirurgias mais complexas. Quando há pacientes com estas necessidades, eles são encaminhados à Unoesc, que fornece suporte através do curso de Odontologia.
No Chile, parte da saúde é ofertada pelo estado, outra pelas empresas, e ainda uma terceira parte financiada com recursos próprios dos moradores. Os planos de saúde atendem dentro dos hospitais institucionais de Forças Armadas, de forma gratuita, ou nos centros privados, onde as pessoas precisam pagar uma parcela do tratamento. As empresas fornecem a seus funcionários parte do cuidado médico. O modelo de saúde focada na Saúde Familiar Comunitária tem aumentado muito no Chile, priorizando a prevenção, com um cuidado especial à saúde indígena. Nesta lógica, utiliza-se cada vez mais o uso de ervas medicinais, dentro dos conhecimentos indígenas, um fator cultural muito forte naquela sociedade.
— No Chile, um problema a ser destacado é a perda dos dentes e enfermidades periodentárias. Temos 2 milhões de pacientes com necessidades especiais. Nosso grande problema é falta de estrutura — salienta a professora daUniversidad Austral del Chile.
Já o professor Fernando Ortega apresentou dados históricos e geográficos sobre o seu país, o Equador. Segundo ele, a saúde é uma realidade de grupo, não é individual. Dentro dos indicadores, há que se considerar as diferenças gritantes entre a população da cidade e do campo.
O professor da Universidad San Francisco de Quito conta ainda que o Ministério da Saúde, no Equador, não está integrado, mas todos têm direito à saúde de qualidade. Os odontólogos, integram, na sua maior parte, assim como no Chile, a rede privada de atendimento. E diferentemente das realidades do Brasil e do Chile, não há um programa nacional de fluoração da água.
Jenny Paulina disse que a universidade onde eles lecionam é privada e se orgulha da relação entre alunos e professores ser de amizade. A estrutura de ensino é excelente, sendo a principal faculdade de Odontologia do seu país. Existe um caminhão odontológico, que integra alunos da graduação e da pós-graduação, com grupos pequenos de até 8 alunos, onde eles têm a oportunidade de unir a prática à teoria. Além de laboratório de materiais dentais e uma revista virtual, onde são publicados os trabalhos dos alunos.
À tarde, o Fórum abriu espaço para que os acadêmicos da Unoesc de Joaçaba, professores e profissionais presentes pudessem questionar os professores estrangeiros sobre as metodologias de aprendizado e a prática odontológica, promovendo uma troca de informações que enriquecerá seus conhecimentos.