As acadêmicas da 8ª fase do curso de Psicologia da Unoesc Pinhalzinho, Leila Maria Zanella, Marlice Sirlei Gerlach e o estudante da 9ª fase do curso de Engenharia Sanitária e Ambiental da Unoesc Videira, Henrique Miotelli, estão participando de ações voluntárias, em Moçambique, durante o intercâmbio.
Leila, Marlice e Henrique participam do Movimento MozBrasil. Os acadêmicos contam que o Movimento tem o objetivo de desenvolver ações interdisciplinares entre voluntários brasileiros e moçambicanos. Para angariar fundos e ajudar crianças e famílias carentes, são promovidos eventos culturais ligados à música e gastronomia. Os voluntários também contam com o apoio da mídia local para divulgar as ações. Além disso, estão mobilizando os brasileiros por meio das redes sociais.
Um dos objetivos é arrecadar recursos para construir a casa da família Ponza. Leila relata que em um dos trabalhos voluntários realizados no Distrito de Maxaquene, cidade de Maputo, uma senhora, conhecida popularmente como vó Ana, apresentou uma jovem de apenas 29 anos, chamada Amélia. A jovem foi abandonada pela mãe, quando era criança, juntamente com o seu irmão Antônio. Os dois foram criados pelo pai, que conseguiu concluir a construção de apenas um quarto da casa deles.
Amélia, portadora de HIV, casou-se, mas se tornou mais uma vítima de violência doméstica e cansada de sofrer maus tratos voltou a morar com a família. Logo depois, seu pai faleceu e ela saiu de casa em busca de uma vida melhor. Mas a doença fez com que ela retornasse. A morada de Amélia foi improvisada em uma banca utilizada para a venda de frutas, uma vez que Antônio já havia constituído família e não tinha espaço para ela na casa. Logo depois, o teto da moradia desabou deixando a família de Antônio ainda mais vulnerável.
Henrique conta que no primeiro dia em que o grupo foi auxiliar na construção da casa, Antônio pegou na mão dos voluntários e, com os olhos marejados, disse que não sabia como agradecer.
— Isso recompensa todo e qualquer esforço. Ver uma pessoa que realmente precisa de ajuda te agradecendo e feliz, é uma sensação indescritível — ressalta o acadêmico, acrescentando que o intercâmbio tem proporcionado um conhecimento "gigantesco" e uma experiência para a vida.
EXPERIÊNCIA
Além de se dedicar ao Movimento MozBrasil, Leila e Marlice também desenvolvem atividades voluntárias no Instituto Superior Maria Mãe de África (ISMMA). As estudantes explicam que a Escola de Ensino Superior oferece apoio psicossocial, principalmente a famílias em situação de vulnerabilidade social e portadoras de HIV, das comunidades de Polana Caniço, Maxaquene A, B, C e D.
As acadêmicas, que estudam na Universidade Eduardo Mondlane, dizem que a experiência de participar de ações voluntárias possui um valor imensurável.
— Quando estamos em contato com o ser humano desprovido de defesas, com necessidades básicas fora de alcance, percebemos o quanto somos frágeis e vulneráveis. A cada momento que estamos aqui evoluímos profissionalmente e psiquicamente. Todas as vivências e trabalhos desenvolvidos nos tornam mais empáticos e com uma visão mais ampla de aspectos socioculturais — observa Marlice.
Para Leila, o psicólogo deve se despir de preconceitos e se munir de conhecimento para ajudar a humanidade.
— É de extrema importância que o psicólogo em formação participe ativamente de trabalhos voluntários na sociedade para se enriquecer de conhecimentos, por meio do contato humano, com diferentes comunidades e culturas [...] — relata.
De acordo com o coordenador do curso, professor Álvaro Cielo Mahl, a ação voluntária é uma oportunidade de mudança de conceitos e percepção sobre o mundo. Ele destaca que nessas atividades, o acadêmico pode desenvolver diversas competências como: relacionamento interpessoal, comunicação, liderança, planejamento, organização, adaptabilidade, trabalho em equipe, autoconhecimento, administração de conflitos, entre outros.
IMPORTÂNCIA DO INTERCÂMBIO
Segundo o coordenador do curso de Engenharia Sanitária e Ambiental, professor Andrei Goldbach, o intercâmbio é de fundamental importância. Goldbach destaca que o intercâmbio oportuniza ao educando a possibilidade de conhecer outras regiões do planeta, novos costumes e hábitos alimentares, experiência em aeroportos e passaportes, convívio social, novos amigos de diversos países e, principalmente, a oportunidade de estudar em diferentes universidades espalhadas pelo mundo.
— Todos os alunos que já realizaram mobilidade acadêmica voltam com outra visão de mundo, pois lá eles dependem muito de outras pessoas e descobrem que o mundo não é apenas a região onde vivem, além de externalizar toda a sua experiência, fornecendo mais um aprendizado aos seus colegas e trazendo novas tecnologias para a sala de aula — reforça Andrei.
* Colaborou o assessor de imprensa da Unoesc Videira, João Luiz Bariviera